“CONQUISTAMOS O GOVERNO, MAS NÃO O PODER.”

Foi triste ouvir algumas vezes as declarações feitas por participantes do primeiro time do governo: “conquistamos o governo, mas não o poder”. Ouvir isto dos lábios de Trotsky tem uma conotação muito menos dolorosa do que dos lábios dos representantes do governo. Afinal, ele representa o sonho de toda uma geração, que espera mudanças.
Certa vez, o então presidente, Fernando Henrique Cardoso, disse que “algumas vezes o presidente pode bem menos do que se supõe”. É duro ouvir declarações assim, embora verdadeiras e sinceras.

É frustrante saber que nosso poder político não é onipotente como gostaríamos que fosse, mas é assim que é. Nossa realidade é mais frágil do que parece e nossas chances de mudanças sociais profundas demandam poderes bem maiores do que o poder político. Com isto, não queremos desencorajar o acesso às vias políticas, mas apenas colocarmos nossos pés no chão. As vias políticas não têm todo o poder para mudar, embora seja impossível mudar estruturas sociais profundas sem a política.

Se o poder de um governante não tem a dimensão necessária para produzir mudanças, então, quem tem? Lembro-me da declaração do Senhor Jesus, quando disse “Todo poder me foi dado no céu e na terra”, (Mateus 28:18). Jesus ousou dizer que, ainda que não conquistara o governo, porque o tempo de implantar seu reino não tinha chegado, ele conquistara o “poder”. Será que Ele exagerou? Vamos ver.

Dois mil anos depois desta declaração temos evidências suficientes de que, realmente, Jesus Cristo não exagerou. Nenhum outro poder tem mais eficácia do que o poder espiritual. Ele penetra na mente das pessoas, transforma seus valores, muda seus comportamentos e é responsável por trazer toda motivação e estímulo necessário para transformar a sociedade.

É isto que temos visto em nosso dia-a-dia. Jovens que, presos pelas drogas e pela violência, vagando em busca do propósito de seus destinos, quando sujeitos a uma experiência espiritual, se transformam. Seus antigos hábitos são abandonados, seus valores transformados, suas aspirações de vida modificadas. Assim, partem em busca de uma nova vida e nos ajudam a formar uma nova sociedade.

O que o Estado, por meio de seu governo, não pode permitir de jeito nenhum, é que estas pessoas tenham que voltar para a marginalidade, por não encontrarem um trabalho digno, onde possam ganhar pelo menos o “salário mínimo”. Convulsão social é quando a marginalidade é praticada por sobrevivência, não por opção.

Que Deus nos livre deste caminho. Precisamos encontrar estes dois, tão necessários e essenciais substantivos, o “governo” e o “poder”. Do contrário, estaremos andando em círculos.

Bp. Robson Rodovalho

Brasília, 28/08/09

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