Em artigo publicado na Folha de São Paulo, Rodovalho fala sobre “A verdadeira reforma”

Em artigo publicado na Folha de São Paulo, Rodovalho fala sobre “A verdadeira reforma”

Nestes tempos em que o governo disputa voto a voto, no Congresso, a aprovação de reformas fundamentais para o desenvolvimento do país, apesar de seus aspectos polêmicos, iniciamos a contagem regressiva para celebrar, dentre todas, a mais importante reforma, a do espírito do homem, de sua fé em Deus, de valores fundamentais para a vida em sociedade.

Iniciamos nesta quinta (4 de maio), a contagem regressiva de 180 dias para a celebração oficial dos 500 Anos da Reforma Protestante, em 31 de outubro. A efeméride nos remete à reflexão sobre o real significado dessa data, as mudanças que impôs à hierarquia da fé e, principalmente, o legado que nos deixou.

Há 500 anos, em 31 de outubro de 1517, o frade Martinho Lutero pregou, na porta da capela de Wittemberg, as 95 teses por meio das quais colocou em xeque os mandamentos da igreja católica à época, sob o comando exclusivo do papado romano.

Lutero botou o dedo na ferida ao questionar a compra do perdão divino pelo comércio de indulgências; ao revelar que o homem poderia falar diretamente com Deus, sem intermediação da igreja; e ao resgatar a Bíblia como única referência sobre a palavra do Senhor.

Ao traduzir a Bíblia do latim para o alemão, Lutero alavancou o desenvolvimento da imprensa, para difusão em massa das escrituras, e assim acabou com o monopólio da igreja sobre os ensinamentos divinos.

A Reforma Protestante passou em revista os valores em torno dos quais se organizava até então. A filosofia luterana acolheu o direito legítimo do homem à prosperidade, ao empreendedorismo e à busca do lucro sem culpa, contexto fundamental para a consolidação do capitalismo.

Antecipou, assim, o que Max Weber formularia, séculos depois, como a ética do capitalismo, que legitima buscar e usufruir da prosperidade conquistada pelo trabalho.

Ao exercício desse direito, corresponde o dever de contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Porém, não se pode cobrar deveres dos que são privados de direitos.

Esse desequilíbrio perverso é o que explica, por exemplo, os resultados de uma pesquisa do Conference Board, divulgada pela Folha de S.Paulo em 26 de abril: um trabalhador norte-americano produz quatro vezes mais que um brasileiro.
Claro! Falta ao brasileiro educação, qualificação e oportunidades.

O Brasil de hoje (ainda) não comporta os princípios luteranos. É preciso avançar, banir a cultura do jeitinho, que tolera e incentiva desvios de caráter.

Não à toa, no ranking da corrupção mundial, dos cinco países menos corruptos, quatro professam majoritariamente os valores protestantes, sendo dois deles luteranos – Dinamarca, o primeiro da lista, e Finlândia, na terceira posição.

Heliodoro Heboano foi o primeiro luterano a desembarcar no Brasil, em 1532. Descendente de uma família que convivia com Martinho Lutero, estabeleceu-se em São Vicente.

Como congregação, os luteranos chegam por volta de 1824 e se estabeleceram em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, sob a liderança do pastor Friedrich Sauerbronn. Daí em diante, o luteranismo acompanha a imigração alemã, principalmente nos Estados do Sul.

Mais recentemente, com o avanço da fronteira agrícola, firmam-se também no extremo norte do país, com destaque para o Estado de Rondônia.

Do sul para o norte país, unem-se em torno de valores fundamentais estabelecidos há 500 anos – ética, trabalho, prosperidade, compromisso com a comunidade – consolidados na reforma, que celebraremos em 31 de outubro.

Finalizo minha mensagem com um desafio a todos cidadãos, independentemente de religião ou mesmo de crer ou não em Deus: façamos nos próximos 180 dias nossa reforma pessoal, uma revisão de vida, valores e condutas.

Essa é a verdadeira reforma de uma nação. Nenhuma outra reforma acontecerá de fato, com efeitos positivos para todo o país, sem que façamos essa lição de casa. O cronômetro foi acionado.

 

Bispo Rodovalho em artigo publicado na Folha de São Paulo 

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